A luta antimanicomial deve ser antiautoritária e anticapitalista

“Um poder de tipo soberania é substituído por um poder que poderíamos dizer de disciplina, e cujo efeito não é em absoluto consagrar o poder de alguém, concentrar o poder num indivíduo visível e nomeado, mas produzir efeito apenas em seu alvo, no corpo e na pessoa do rei descoroado, que deve ser tornado ‘dócil e submisso’ por esse novo poder” -Foucault

“Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles. Sinto-me um deles.” -Nise da Silveira

 

A luta contra os manicômios, em sua radicalidade, se baseia na ideia de que a psiquiatria e outras profissões médicas da saúde mental são, em última instância, um sistema de controle social escondido atrás deo que seria, na melhor das hipóteses, chamado de pseudociência. Os protestos contra os sistemas de saúde mental datam pelo menos desde o século XVII, quando internos do hospital de Bethlem pediram à Câmara dos Lordes que intervisse por um tratamento mais humano. A luta antimanicomial se distingue dessa tradição devido ao seu radicalismo: ao invés de buscar modernizar a psiquiatria, diminuir seu poder, ou prevenir o abuso, o trabalho dos militantes coloca em cheque toda a hierarquia do poder psiquiátrico, inserindo-a em uma lógica anti-autoritária mais geral. No Brasil, a luta antimanicomial se institucionalizou com a política de saúde mental, álcool e outras drogas; o problema dessa institucionalização é que corre o risco de perder a radicalidade anti-autoritária, ficando vulnerável a alterações de política com a proposta pelo governo Bolsonaro.

 

Nau dos Insensatos-John Alexander.jpg

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[Dezembro Negro] Cartazes – A polícia

Nossxs companheirsx do Chile chamaram uma campanha transnacional, o Dezembro Negro, para lembrarmos que esse mês é marcado a fogo pela memória dos insurgentes anarquistas que se ergueram contra toda forma de poder. Em Dezembro de 2008, o camarada Alexandros Grigoropoulos foi assassinado pela polícia nas ruas de Exarcheia, Atenas. 5 anos depois, em Dezembro de 2013, o camarada Sebastián Oversluij foi abatido por um segurança privado – um mercenário do Capital – quando participava da expropriação de um banco no Chile. Esse Dezembro marcam 9 meses do assassinato de Marielle Franco, uma brutalidade que permanece (e permanecerá) sem perpetrador enquanto houver interesse dos donos do poder.

Poster "A polícia"

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[Dezembro Negro] Panfleto – Interagindo com a polícia

Nesse Dezembro Negro, iniciamos uma série de textos, cartazes, materiais de leitura, e livretos para apoiar a defesa contra a polícia e contra as forças de repressão. Do apoio ao abolicionismo penal a dicas sobre como responder à polícia, passando pela análise das milícias e outras forças extra-oficiais do aparato estatal, nesse Dezembro Negro nos juntamos aos/às camaradas do Chile e alhures na autodefesa da luta anarquista e ácrata.

Alexis Grigoropoulos - Morto em 06.12.18

Hoje, apresentamos o panfleto “Interagindo com a polícia“, uma adaptação do panfleto “Know Your Enemy” do Revolutionary Abolitionist Movement. O panfleto contém informações, revisadas por um advogado criminalista e professor de Direito, sobre como tirar a política da sua cola quando eles tentam abusar de você em público. Você pode baixar o PDF e distribuir para qualquer pessoa que possa achá-lo útil.

[Nova campanha] Dezembro Negro

Nossxs companheirsx do Chile chamaram uma campanha transnacional, o Dezembro Negro, para lembrarmos que esse mês é marcado a fogo pela memória dos insurgentes anarquistas que se ergueram contra toda forma de poder. Em Dezembro de 2008, o camarada Alexandros Grigoropoulos foi assassinado pela polícia nas ruas de Exarcheia, Atenas. 5 anos depois, em Dezembro de 2013, o camarada Sebastián Oversluij foi abatido por um segurança privado – um mercenário do Capital – quando participava da expropriação de um banco no Chile. Esse Dezembro marcam 9 meses do assassinato de Marielle Franco, uma brutalidade que permanece (e permanecerá) sem perpetrador enquanto houver interesse dos donos do poder.

Em todo o mundo e por toda a história, por sermos aqueles que fazem oposição mais direta ao Estado e ao Capital, por sermos aqueles que mantém a ética oposta à jesuítica – que acredita que os fins justificam os meios -, por lutarmos pela autonomia e pela igualdade, somos nós anarquistas as primeiras a sofrer o braço pesado da repressão quando a crise se acirra. Nesse Dezembro Negro, iniciamos uma série de textos, cartazes, materiais de leitura, e livretos para apoiar a defesa contra a polícia e contra as forças de repressão. Do apoio ao abolicionismo penal a dicas sobre como responder à polícia, passando pela análise das milícias e outras forças extra-oficiais do aparato estatal, nesse Dezembro Negro nos juntamos aos/às camaradas do Chile e alhures na autodefesa da luta anarquista e ácrata.

Iniciamos divulgando o livreto “7 mitos sobre a polícia”, produzido pela crimethinc. Extremo Sul. Baixe aqui a cópia para leitura digital ou cópia para impressão