Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe.
No contexto atual, de pandemia e escalada brutal do fascismo, torna-se transparente o caráter biopolítico dos afetos. Muitas vezes, a luta libertária produz uma carga emocional sobre aqueles que se engajam nela, de maneira que eventualmente nossa revolta se transvalora em afetos tristes e ressentimento. Criar uma cultura do cuidado entre anarquistas e aliades é fundamental para evitar isso, para criar condições para o apoio mútuo, para pensar uma saúde mental pré-figurativa, e para desmantelar divisões tradicionais entre trabalho ativista e trabalho afetivo.
Pensando nisso, traduzimos alguns materiais que podem ajudar singularidades ou pessoas que estejam engajadas em grupos de afinidade a desacelerar e lidar com situações estressantes. Esses materiais foram traduzidos e adaptados de diferentes fontes, e podem ser compartilhados livremente.
Tempos turbulentos estão sobre nós. O microfascismo que permitiu
que Jair Bolsonaro chegasse à presidência têm ganhado espaço em velo-
cidade assustadora, e atos de violência são agora corriqueiros. Soma-se
a isso o terrorismo estocástico de Bolsonaro, e a autodefesa antifascista
torna-se uma necessidade.
Muita gente têm abraçado uma “identidade antifa”nas redes sociais,
demonstrando uma situação de preocupação dos indivíduos mais à Es-
querda em relação ao risco real de endurecimento do regime. Entretanto,
a ação antifascista exige mais do que ribbons de imagens no Twitter e
postagens apaixonadas: exige organização.
Grupos antifascistas locais estão sendo constantemente criados em res-
posta a essas ameaças. Mas organizar-se não significa ingressar em uma
instituição pré-existente e receber ordens. Não deve significar perder
sua agência e inteligência para se tornar uma peça em uma máquina. A organização da ação antifascista em torno de grupos de afinidade autô-
nomos passa a ser essencial.
Como o trabalho antifa é diferente de outras formas de organização
radical, e porque os próprios grupos antifa estão mudando, o coletivo
It’s Going Down escreveu algumas sugestões, baseadas em anos de ex-
periência. Nós do Coletivo Planètes tentamos atualizar algumas dessas
questões e trazer para a realidade brasileira de 2019.
Este zine abrange uma série de questões, incluindo: as vantagens,
desvantagens e obrigações de trabalhar sob a bandeira antifascista; ques-
tões envolvendo anonimato e visibilidade, tanto presencialmente quanto
online; autodefesa e armas de fogo; trabalhar com pessoas problemá-
ticas e lidar com infiltrados; repressão do estado; e exemplos de ações
anti-fascistas.
Nosso Manual de Segurança Digital Para Ativistas foi o primeiro trabalho – e o mais importante – do Coletivo Planètes. Disponibilizamos agora versão em PDF para imprimir e compartilhar livremente por outras mídias e plataformas.
Nossxs companheirsx do Chile chamaram uma campanha transnacional, o Dezembro Negro, para lembrarmos que esse mês é marcado a fogo pela memória dos insurgentes anarquistas que se ergueram contra toda forma de poder. Em Dezembro de 2008, o camarada Alexandros Grigoropoulos foi assassinado pela polícia nas ruas de Exarcheia, Atenas. 5 anos depois, em Dezembro de 2013, o camarada Sebastián Oversluij foi abatido por um segurança privado – um mercenário do Capital – quando participava da expropriação de um banco no Chile. Esse Dezembro marcam 9 meses do assassinato de Marielle Franco, uma brutalidade que permanece (e permanecerá) sem perpetrador enquanto houver interesse dos donos do poder.
Em todo o mundo e por toda a história, por sermos aqueles que fazem oposição mais direta ao Estado e ao Capital, por sermos aqueles que mantém a ética oposta à jesuítica – que acredita que os fins justificam os meios -, por lutarmos pela autonomia e pela igualdade, somos nós anarquistas as primeiras a sofrer o braço pesado da repressão quando a crise se acirra. Nesse Dezembro Negro, iniciamos uma série de textos, cartazes, materiais de leitura, e livretos para apoiar a defesa contra a polícia e contra as forças de repressão. Do apoio ao abolicionismo penal a dicas sobre como responder à polícia, passando pela análise das milícias e outras forças extra-oficiais do aparato estatal, nesse Dezembro Negro nos juntamos aos/às camaradas do Chile e alhures na autodefesa da luta anarquista e ácrata.
Iniciamos divulgando o livreto “7 mitos sobre a polícia”, produzido pela crimethinc. Extremo Sul. Baixe aqui a cópia para leitura digital ou cópia para impressão