A Poesia Sai do Cano de uma Arma

O texto a seguir foi escrito por Dan Georgakas, do grupo Black Mask, o  em 1967. Não é uma referência aos movimentos de uma suposta esquerda revolucionária que age como polícia dentro das barricadas.

Aqueles de vontade e mente fraca amam viver na calma e na beleza sem participar da luta. Sua cena favorita é a existência pacífica nos bastidores da violência de uma enorme força militar e policial que eles piedosamente condenam (com palavras), mas nunca se opõem (com ações). Eles tentam reconciliar coisas irreconciliáveis a fim de prevenir qualquer hostilidade. Eles têm vergonha de ir para a direita e medo de ir para a esquerda. Eles fogem para os vapores obscuros do misticismo e para as encantadoras alcovas do estetismo. Eles pilham a Índia em busca de uma religião doentia, que tem condenado a vida no subcontinente. Seu esteticismo assume as formas camaleônicas da anti-arte e do fim-da-arte-como-a-conhecemos, proclamado em incestuosas publicações/billboards/eventos/happenings que se multiplicam ad nauseam. A solução deles para um mundo cada vez mais feio é chamarem-se uns aos outros de “bonitos”. Distinções falsas são desenhadas entre espaço interior/exterior. O anti-pensamento é camuflado com a frase merda: chegamos ao fim da política. A unidade de opostos explicada por mestres tão diversos quanto Lao e Marx é anunciada como se fosse um novo iluminismo. Mas qualquer pessoa cujo AMOR a tenha levado a declarar guerra ao inimigo e a expressar francamente seu Ódio é considerada um monstro parido num esgoto da Union Square. Os ditadores do bom gosto dizem que este é um tempo de fantasias, de ruído amplificado, de histórias em quadrinhos intelectualizadas e consideram extraordinários todas as loucuras. Mas a triste verdade é que a maior parte do cinema de vanguarda é chato e que a geração com menos de 25 tem pouco a ensinar e muito a aprender. A pop art e similares são pouco mais do que uma apoteose da realidade capitalista. Mesmo a revolta contra o Genocídio Viet muitas vezes se torna mais um artifício de construção de carreira. Ao invés de apresentar uma ameaça ao status quo, a cultura hippie provê toda uma nova indústria com vastos impérios de lucros inesperados. Os promotores do capitalismo fizeram um ataque midiático ao Underground transformando-o em uma perversão de rebelião que nem chega a ser um fac símile razoável. A busca pelo perpétuo High nada mais é que o veludo que recobre a luva de ferro imperialista. Enquanto doces pombinhos cantam hare krishna nos parques de Manhattan, as crianças da Ásia são atacadas com napalm. A vasta conspiração do crime global se equipa para suas maiores atrocidades e os “rebeldes” protestam com crisântemos amarelos e submarinos de papel. Os sinos que agora badalam não são para o guru Malcolm,mas para o sistema que o assassinou. Ou o homem criativo se compromete com a poesia da ação ou ele submerge com os empenhados da morte e suicidas desta triste nação demente. O homem criativo não entretém ou choca a burguesia. Ele a destrói!